sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Bilhete

Desculpe a falha da tinta, a caneta é antiga.
Venho até aqui, nesta folha de caderno, oferecer-te versos.
É debaixo dessas mãos miúdas que se passa um dia, semana, meses...
Talvez anos inteiros, em segundos.
Nessas pequenas histórias já se fazem vidas rabiscadas.
Pode ser que não façam o menor sentido.
Que tudo que eu dedique seja estranho.
Mas quero mesmo assim poder dizer o quanto a menores coisas podem ser essencias.
O quanto essas palavras simples podem ser as melhores que consiga trazer.
E que estes pequenos momentos...Estes eu guardo pra sempre.

Redemoinho


Deixe o tempo levar, ir embora.
Tire a roupa suja de poeira.
Vem pra roda dançar os quatro ventos.
Que hoje eu quero te ver passar.
Não grita nem apavora.
Que agora a vida anda e quem fica é sempre a velha menina do espelho.
É essa música nova que toca aqui por dentro.
Só de sonhar me sopra a sinfonia que eu quero ouvir.
Vem comigo, vem cor-rendo.
Porque é como diz o velho Chico: "Tem coisas que o coração só fala pra quem sabe escutar."

terça-feira, 29 de maio de 2012

O milagre das folhas

"...Estou andando pela rua e do vento me cai uma folha exatamente nos cabelos. A incidência da linha de milhões de folhas transformadas em uma única, e de milhões de pessoas a incidência de reduzi-las a mim. Isso me acontece tantas vezes que passei a me considerar modestamente a escolhida das folhas. Com gestos furtivos tiro a folha dos meus cabelos e guardo-a na bolsa, como o mais diminuto diamante. Até que um dia, abrindo a bolsa, encontro entre os objetos a folha seca, engelhada, morta. Jogo-a fora: não me interessa fetiche morto como lembrança. E também porque sei que novas folhas coincidirão comigo. Um dia uma folha me bateu nos cílios. Achei Deus de uma grande delicadeza."


(Clarice Lispector)

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Hoje


Hoje tô meio frouxo, xoxo, sem vida, opaco, sem nada.
Hoje o dia não me preencheu, nasceu cru e morreu abafado no escuro.
Hoje sem nada pra dizer.
Sem ter o que fazer,  a casa mudou de tom.
Ela fez assim, sem minha permissão.
E eu com cara de boba.
Olhando a cortina parada e a ventania lá fora
Esperando o tempo ir embora pra eu ir junto.
Porque hoje to presa nesse assunto de dia ruim.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Uma homenagem pequenininha pra combinar com você.

Eu te conheci bem pouquinho tempo e ainda assim senti vontade de te escrever.


CRISTAL

Ela se despediu tranquila.

Sua face tinha a ternura de sempre.

A menina dos olhinhos que brilhavam tal como seu nome apenas os fechou.

Foi passear no mundo dos sonhos.

Trouxe um novo brilho para a noite de estrelas.

Essa mesma luz se refletirá naqueles que ela deixou no meio da estrada.

E me pergunto o que teria sido essa sua partida.

Despejo-me dizendo:

É de amor! É de amor!

O amor que carregava era tão grande que não lhe cabia no peito.